O Afroinfância

Infância negra é potência!

Afroinfância!

o Afroinfância surgiu com o intuito de abordar as questões raciais no campo educacional, especialmente na Educação Infantil, diante da carência de uma abordagem sistemática sobre a história e a cultura africanas nos currículos escolares. Utilizando o Instagram como plataforma principal, o projeto criou um espaço virtual onde educadores e educadoras de todo o Brasil podem acessar conteúdos formativos sobre educação afrocêntrica e refletir sobre suas implicações na educação de crianças negras.
Embora o projeto tenha sido criado em 2017, foi durante a pandemia da COVID-19, em 2020, que ganhou maior visibilidade no cenário educacional, tanto nacional quanto regional. A imposição de medidas como o distanciamento físico e o fechamento das escolas fez com que o ensino remoto emergencial se tornasse a principal forma de aprendizagem. Nesse contexto, projetos como o Afroinfância, que utilizavam redes sociais como o Instagram, passaram a ser fontes essenciais de subsídios teóricos e metodológicos para docentes, sobretudo em um país tão plural quanto o Brasil.

Antes da pandemia, o Afroinfância contava com pouco mais de 10 mil seguidores. No entanto, com o crescimento exponencial do uso das redes durante o isolamento físico, o projeto atraiu milhares de novos seguidores , incluindo escolas que incentivavam famílias a consumirem os conteúdos compartilhados, como lives, vídeos de contação de histórias e textos reflexivos. A situação pandêmica evidenciou, ainda, a ausência de uma formação docente adequada sobre relações étnico-raciais e o desconhecimento generalizado sobre a história e cultura africanas, reforçando a urgência de uma educação que reverbere práticas mais conscientes e comprometidas com a infância negra.

Por meio da partilha de informações e da construção de saberes afrocêntricos, o projeto Afroinfância mobiliza educadoras e educadores a refletirem sobre suas práticas pedagógicas, ampliando seus referenciais de mundo. Assim, cada vez mais pessoas, em sua maioria negras, têm se organizado politicamente e culturalmente para construir formas de existência que se afastam da centralidade eurocêntrica. 

Movidas por processos de identificação com as culturas africanas e afro-diaspóricas, essas pessoas buscam resgatar e valorizar tradições, filosofias e modos de vida que foram historicamente marginalizados. É justamente esse movimento identitário e político que mobiliza quase 50 mil pessoas em torno de um perfil nas redes sociais voltado à educação de crianças negras.

 No caso do Afroinfância, a plataforma Instagram, que opera dentro da lógica globalizada marcada pela cultura de consumo, pela estetização da vida e pela busca constante por validação (likes, seguidores…) é ressignificada. O projeto se apropria desse espaço para subverter tais lógicas, promovendo conteúdos que valorizam narrativas afrocentradas, desafiando a hegemonia cultural e oferecendo uma alternativa educativa que resiste à homogeneização imposta pela branquitude. Trata-se de um convite a deslocar o olhar do universalismo europeu para outras centralidades: culturais, políticas e espirituais.

No Afroinfância circulamos textos autorais sobre educação afrocentrada, alcançando mais de 50 mil pessoas interessadas. Também criamos e disponibilizamos materiais didáticos, como a Caixinha da Autoestima, além de livros de literatura autoral, como Plantando com Malik (2021) e a coletânea Afroinfância para bebês (2025). E serviços como formação de professores/as e oficinas para crianças como: Máscaras de inspiração Africana, Abayomi, História na cabaça e outras.

O projeto busca ancorar-se no paradigma afrocêntrico de educação para repensar currículos, metodologias e epistemologias. Entendemos que desenvolver um projeto cujas bases estejam alicerçadas em epistemologias africanas não é tarefa fácil, especialmente em um contexto historicamente tensionado pelo racismo; todavia, é altamente possível quando entendemos a necessidade de afrocentrar a educação.