“É preciso uma aldeia para cuidar de uma criança.” É preciso ter certeza que a escola também faz parte disso.

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14 de julho de 2025
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Lendo sobre desenvolvimento infantil de crianças africanas, me deparei com a seguinte provocação “Precisamos ter certeza de que a escola faz parte dessa aldeia”, gerada a partir do famoso provérbio africano “ É preciso uma aldeia para educar uma criança”. Nesse ensejo, os autores  Dawes e Biersteker refletem sobre o papel da escola frente a essa organização comunitária relacionada a educação das crianças africanas.

O artigo discute  como o processo de escolarização no continente ainda é influenciado por teorias e metodologias importadas e, por vezes, contrárias às tradições, o que gera diferentes conflitos na infância, posto que a criança parece adentrar em um universo diferente daquele vivido em sua família. O artigo é um convite para se repensar as práticas curriculares distantes da realidade da criança. 

Os autores ainda citam que muitas crianças aprendem com as famílias o nome de ervas e suas funções, a cuidar do gado, aprendem cores e tamanhos ao pendurar roupas, desenvolvem habilidades motoras ao cuidar da horta e dos jardins e mais uma série de outras experiências cotidianas construídas por elas mesmas.

Em nosso contexto afro-diaspórico, como validar as experiências trazidas pelas crianças negras a fim de tornar a escola um espaço de fortalecimento de sua identidade e autonomia? Penso que é necessário criar condições para que as crianças sejam as verdadeiras protagonistas da sua aprendizagem. O que as crianças trazem de casa e que pode ser estendido no cotidiano escolar? Como as crianças gostariam de aprender sobre a sua cultura e história? 

Existe uma ansiedade enorme para se ensinar às nossas crianças tudo que nos foi negado na infância e , às vezes, fazemos planejamentos e indicamos leituras que correspondem muito mais a nossa expectativa enquanto adultas/os. Todo esse movimento também é importante, mas vale lembrar que o currículo que está dentro da própria criança negra  não pode ser considerado menos importante frente as problemáticas raciais.

Referência: Handbook of African Educational Theories and Practices A Generative Teacher Education Curriculum.

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